conta a história da humanidade
Decorar é praticamente tão antigo quanto morar. O caminho que nos trouxe aos ambientes atuais começa nas cavernas onde primeiro abrigamos nossos corpos e utensílios, mas também nossa reflexão sobre o mundo na forma de desenhos e outras representações.
Dos egípcios e gregos, talvez entre as mais antigas referências culturais ainda identificáveis na cultura ocidental, herdamos a noção de que a arquitetura tem significado, mas foi com os romanos que o conforto entrou realmente em pauta.
Numa escalada sem precedentes, poder e grandiosidade se confundem no Império Romano e a civilização chega a um irremediável refluxo, a Idade Média. Guerras e pestes são, para muitos, merecido castigos e a religião é única forma de redenção.
Ironicamente, as sombrias igrejas, que se tornaram os refúgios do homem medieval, seriam as primeiras a anunciar a volta das luzes, não apenas como metáfora, mas também como valor arquitetônico. Aberturas e transparências de janela e vitrais apontam o início de uma nova visão do ambiente.
Séculos de escuridão foram rapidamente transformados pelo Renascimento. De seus conceitos filosóficos, políticos e estéticos surgiram movimentos como o Barroco, o Rococó e o Neoclássico, que se sucedem e se expandem em ritmo vertiginoso.
A Inglaterra, a primeira potencia industrial do mundo, estabelece o estilo vitoriano como o novo paradigma estético, mas é também entre os inglêses que a industrialização encontra sua primeira oposição estética. O movimento Arts and Crafts nega a massificação e vê em cada construção uma obra única.
A França, eterna rival britânica, assimila a fluidez e as linhas orgânicas sugerida por aquele movimento, mas o faz com os materiais típicos da indústria, como o ferro, o vidro e o cimento, numa espécie de “naturalização da máquina” no que ficou conhecido como Art Nouveau.
A Primeira Guerra interrompeu planos e carreiras na Europa, mas o pensamento francês floresceu no entreguerras, principalmente entre os americanos, com o eclético Arte Déco, que mistura cubismo, modernismo, futurismo e até o Bauhaus, com sua valorização das artes e técnicas artesanais aplicadas à indústria.
O final da Segunda Guerra Mundial marcou o início de um mundo plural. Fragmentações territoriais e políticas destacaram conceitos e estéticas mais e mais particulares. Em poucas décadas do fim do conflito, a globalização se consolidou e misturou o mundo, que hoje está mais separado por fusos horários que por distâncias, idiomas ou ideologias.
Para o design de interiores, o momento não poderia ser mais rico. Agora, os ambientes podem refletir não apenas a cultura e a tecnologia de um país ou região, mas o desejo, o estilo e a criatividade de cada grupo, família ou indivíduo em particular, onde quer que ele esteja.